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Principais características do Arcadismo – literatura

Arcadismo

Deixando para trás um pouco da tendência à dramaticidade barroca, o arcadismo é uma escola literária que faz alusão à província de Arcádia em sua termologia, caracterizado por engrandecer a natureza, criticar a nobreza e trazer o homem urbano até as paisagens bucólicas do campo.

Contexto

O contexto histórico de início é a região franco-inglesa, onde a burguesia crescia e dominava economicamente a área, a revolução industrial já havia dominado o sistema de produção e o capitalismo o sistema de distribuição dos lucros. O Iluminismo já se alastrara e a ciência erguia seguidores, as metrópoles estavam lotadas de antigos camponeses e pessoas cansadas e vencidas pela urbanização.

Também conhecido como período neoclássico na literatura, o Arcadismo surge com ideal de resgatar os cidadãos da cidade e leva-los de volta ao campo. De característica simplista, o movimento buscava preocupar-se com o que eles defendiam ser o básico ao homem como o amor, que surge de forma platônica em poesias e na exaltação da vida a dois com a sua pastora, o matrimônio, a morte e a solidão, sendo esses decorrentes do abandono da mulher ao seu marido, motivo de queixas e melancolia.

Com referência renascentista, os autores assemelhavam a arte à natureza, dando espaço à cultura celta pagã, acreditando não no Deus cristão, mas em elementos como regentes de tudo: a água, o ar, a terra, os animais, as plantas. Isso implicou em nomear os seguidores desta escola literária de “bom selvagem”, menção de que além de bons propósitos e racionalidade, o homem deveria ser um defensor da natureza e retirar dela o necessário para sobrevivência, sem degradá-la. Era comum o uso de termologia latina para designar os princípios e máximas de um pensador arcadista, tais como:

  • Inutilia truncat (cortar o inútil): filosofia simplista, o bom selvagem deveria apenas cultivar o básico para si e sentimentos como amor e solidão.
  • Fugere urbem (fugir da cidade): simbolizava o poeta que se desloca da vida urbana e agitada e vai para a calma zona rural.
  • Aurea mediocritas (mediocridade áurea): valorização da razão e do cotidiano.
  • Carpe diem (colhe o dia presente e sê o menos confiante possível no futuro): o pastor, ciente de que o tempo é um inimigo, deve aproveitar cada minuto com a sua pastora.
  • Locus amoenus: abrigar-se da vida urbana, opor-se.

Vale frisar que nem todos os poetas seguiam esses princípios, prova que todos adotavam outros nomes, pastoris, para assinar suas obras, pois a maioria tinha interesses econômicos.

Esteticamente, as poesias árcades eram sonetos decassílabos, nem sempre rimavam.

Arcadismo em Portugal

O movimento têm início com a fundação da Arcádia Lusitana, em 1766, e foi palco para revoltas, reformas estudantis e desapego da influência religiosa. Os poetas árcades e suas obras mais conhecidos são Manuel Maria Barbosa du Bocage (Improvisos de Bocage, 1968), António Dinis da Cruz e Silva (Improvisos de Bocage, 1802), Marquesa de Alorna (Alcippe, 1844), Francisco José Freire – o Cândido Lusitano – (Arte Poética ou Regras da Verdadeira Poesia, 1748).

Arcadismo no Brasil

A mineração foi a porta para a escola difundir-se no país, fazendo uma ponte que começava na Bahia e estendia-se até o Rio de Janeiro. Vila Rica, atual Ouro Preto, foi o ponto de fundação do movimento quando se inaugurou a Arcádia Ultramarina, em 1768, constituindo a primeira filiação literária brasileira. Fato histórico mais notável desse período é a Inconfidência Mineira, onde Minas Gerais tentou libertar-se do domínio de Portugal, pátria que a influenciou no movimento árcade. A figura do índio foi de grande importância à causa, pois representava de forma banal, um homem selvagem isolado na mata, vivendo em sua tribo e se alimentando do que a natureza o proporcionava.

Entre os poetas conhecidos do movimento e as suas obras, destacam-se: Freire Santa Rita Durão (Caramuru,1781), Cláudio Manuel da Costa (Villa Rica, 1773), Basílio da Gama (O Uraguai, 1769), Tomás Antônio Gonzaga (Marília de Dirceu, 1762 e Cartas Chilenas, 1789).