Depressão e pensamento suicida: Veja sintomas e formas de tratar

Não é difícil encontrar nos dias atuais alguém que apresente algum sintoma de depressão. Pois é. Trezentos e cinquenta milhões é o número de pessoas com esse tipo de problema no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em outras palavras, 5% da população mundial sofre com este problema, que já vem se tornando o mal do século XXI. Além dessas informações, a OMS destaca que até 2030 esta será a doença mais comum na sociedade, transtorno que, inclusive, se não tiver o tratamento adequado, pode desencadear pensamento e prática suicida.

Diante deste quadro preocupante, a organização tenta reverter esta situação atuando junto com os países em um trabalho de prevenção. Isto porque, além desses alarmantes números sobre a depressão, um outro grave problema vem tomando proporções maiores a cada ano: o suicídio.

Ainda de acordo com a OMS, o suicídio é a causa da morte de mais de 800 mil pessoas por ano.”Depressão e consumo de álcool e drogas são responsáveis pelo maior número de mortes no mundo inteiro. O maior coeficiente de suicídio se dá por transtorno de humor associado ao uso de substâncias psicoativas, mais da metade dos casos de suicídio”, esclarece a psicóloga Rebecca Brayner.

Depressão e pensamento suicida: Veja sintomas e formas de tratamentos

Foto: depositphotos

Os níveis de depressão e o pensamento suicida

Para o psicólogo Bayard Galvão, a depressão é um distúrbio psiquiátrico que está envolvido, pelo menos, com três causas distintas. “Três causas em maior ou menor nível podem causar a depressão: ambiente (clima nublado e/ou frio e/ou alimentação), DNA (o que provocaria as alterações neuroquímicas) e/ou psique. Na minha experiência, mais de 90% dos pacientes com depressão tem como causa essencial a psique”, afirma o especialista.

Já para a psicóloga Suelen Bezerra, “a depressão é muito mais que uma sensação de tristeza, é uma doença que afeta o humor, os pensamentos, a saúde e o comportamento.”

Contudo, dentro da doença há níveis que podem ser agravados a medida que o tempo passa e o paciente não procura ajuda médica ou terapêutica. “Existem os níveis leve, moderado ou grave. E dentro do quadro depressivo existem os subtipos, que estão em constante revisão pela psiquiatria”, explica Rebecca.

Ainda segundo Brayner, o pensamento suicida pode surgir em qualquer nível de depressão, pois seu conceito é biopsicossocial. Em outras palavras, a causa para essa situação pode estar relacionada com fatores biológicos, como genética; fatores psicológicos, a exemplo do comportamento ou personalidade; e fatores sociais, como situações financeiras, culturais e familiares.

“É importante destacar que por mais que suicídio e depressão estejam relacionados, não significa que todas as pessoas com depressão tenham pensamentos suicidas. Contudo, um quadro de depressão grave é um fator de risco para o suicídio”, alerta Suelen.

Características e sintomas de um indivíduo com pensamento suicida

Saber o que uma pessoa está passando é extremamente difícil, principalmente quando ela não fala sobre os seus problemas. Contudo, é possível perceber algumas características do sofrimento psíquico provocado por dores e desesperos.

“É necessário estar atento à sua [do indivíduo com problemas] comunicação em tom de aviso, às suas emoções e alterações, mudanças extremas de comportamento, de rotina, apatia ou letargia para dar respostas situacionais, comportamento autodestrutivo, etc.”, recomenda Rebecca.

Todas essas situações podem desencadear um pensamento suicida, mas outros fatores também são capazes de contribuir com tal ideia. “As drogas e o álcool podem potencializar os pensamentos autodestrutivos em quem já está vulnerável em sua condição de existir. Claramente, não são recomendados”, diz a psicóloga.

De acordo com Suelen, é possível perceber alguns sintomas através do comportamento do paciente, como:

  • Expressar verbalmente que a vida perdeu o sentido, como “eu queria sumir”, “não aguento mais”, diferente da crença que aqueles que falam do suicídio não cometerão o ato, estão pedindo ajuda;
  • Mudança repentina de comportamento, como perder o interesse, ou abandonar algo de que se tem apreço;
  • Indivíduos em sofrimento psíquico que rejeitam auxilio profissional;
  • Falta de esperança, acreditar que as dificuldades só serão solucionadas com o fim da vida;
  • Sensação de ser um incômodo para as outras pessoas;
  • Estando deprimido, apresentar uma melhora repentina no humor. Pode ser uma maneira de fazer com que as pessoas próximas não fiquem preocupadas e consequentemente menos vigilantes, para que possa conseguir concretizar o ato;
  • Abuso de substâncias.

Com relação a este último tópico, Suelen é enfática: “Em nossa cultura, existe o hábito de utilizar-se de substâncias para ‘diminuir’ o peso que os fatos da vida proporcionam, como o álcool que é bastante comum para tornar uma celebração ‘mais alegre’ ou para ‘aliviar a tristeza’ Precisa-se considerar que sob o efeito de álcool e outras drogas o pensamento, linguagem, raciocínio e demais funções cognitivas são alteradas, o que implica dizer que o sujeito fica menos responsável por suas emoções.”

O que fazer para ajudar alguém com depressão?

“Devemos agir no sentido de prevenir e intervir em crises, contatando serviços de emergência se for o caso. Uma escuta empática, acolhedora e sem julgamentos pode ser um primeiro passo”, aconselha Rebecca.

Além disso, é imprescindível a busca por ajuda de especialistas. “Por se tratar de uma doença com muitas causas, é fundamental esclarecer a necessidade de auxílio profissional (psiquiátrico/psicológico)”, reforça Suelen.