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Frases e pensamentos da escritora Cecília Meireles

Poucas informações sobre uma intensa vida… saiba um pouco sobre Cecília Meireles

Cecília MeirelesCecília Benevides de Carvalho Meireles, ou, como se tornou conhecida, Cecília Meireles, nasceu em 07 de novembro de 1901, no Rio de Janeiro. Única sobrevivente dos quatro filhos do casal, perdeu o pai antes de seu nascimento e a mãe, antes que completasse três anos de idade. Foi criada por sua avó, D. Jacinta Garcia Benevides, e, sobre as perdas em sua família, um dia escreveu:

“Nasci aqui mesmo no Rio de Janeiro, três meses depois da morte de meu pai, e perdi minha mãe antes dos três anos. Essas e outras mortes ocorridas na família acarretaram muitos contratempos materiais, mas, ao mesmo tempo, me deram, desde pequenina, uma tal intimidade com a Morte que docemente aprendi essas relações entre o Efêmero e o Eterno.”
”(…) Em toda a vida, nunca me esforcei por ganhar nem me espantei por perder. A noção ou o sentimento da transitoriedade de tudo é o fundamento mesmo da minha personalidade.”

“(…) Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar. Mais tarde foi nessa área que os livros se abriram, e deixaram sair suas realidades e seus sonhos, em combinação tão harmoniosa que até hoje não compreendo como se possa estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida, unidos como os fios de um pano.”

Mais detalhes

  • Cecília conclui seus estudos a nível básico com distinção e louvor, recebendo de Olavo Bilac, Inspetor Escolar do Rio de Janeiro à época, uma medalha de ouro pela distinção. Torna-se professora em 1917 e, dois anos após, publica seu primeiro livro de poesias “Espectro”. Em 1923, viriam “Nunca mais” e “Poema dos Poemas” e, em 1925, “Baladas para El Rei”.
  • Casa-se em 1922, com um pintor português, Fernando Correia Dias e tem três filhas e cinco netos. O marido suicida-se em 1935 e, em 1940, Cecília casa-se com o professor e engenheiro agrônomo Heitor Vinícius da Silva Grilo.
  • Cecília mantém, ao longo de toda sua vida, uma carreira incrível, onde a poesia está sempre presente e na qual divide-se entre esse talento notável e sua paixão pela literatura e o magistério. Ela viajou à vários lugares fazendo conferências, especialmente sobre educação e literatura; morou em países como os Estados Unidos, onde lecionou literatura, tinha contato especial com Portugal, onde publicou livros, ensaios e peças de teatro.
  • Uma poetisa admirável, com uma extensa e importante carreira, Cecília possui um lirismo até hoje admirado e exaltado por críticos e amantes da poesia!
  • Cecília Meireles faleceu no dia 09 de novembro de 1964, no Rio de Janeiro, aos 63 anos de idade e recebeu inúmeras homenagens e teve seu nome eternizado em bibliotecas e ruas diversas.

Frases e pensamentos de Cecília Meireles…

“A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.
Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.

Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.” (“Primavera”- pensamento extraído do livro “Cecília Meireles – Obra em Prosa – Volume 1”, Editora Nova Fronteira – Rio de Janeiro, 1998, pág. 366.)

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“Não sei se muita gente haverá reparado nisso — mas o Dicionário é um dos livros mais poéticos, se não mesmo o mais poético dos livros. O Dicionário tem dentro de si o Universo completo.

Logo que uma noção humana toma forma de palavra — que é o que dá existência ás noções — vai habitar o Dicionário. As noções velhas vão ficando, com seus sestros de gente antiga, suas rugas, seus vestidos fora de moda; as noções novas vão chegando, com suas petulâncias, seus arrebiques, às vezes, sua rusticidade, sua grosseria. E tudo se vai arrumando direitinho, não pela ordem de chegada, como os candidatos a lugares nos ônibus, mas pela ordem alfabética, como nas listas de pessoas importantes, quando não se quer magoar ninguém…

O Dicionário é o mais democrático dos livros. Muito recomendável, portanto, na atualidade. Ali, o que governa é a disciplina das letras. Barão vem antes de conde, conde antes de duque, duque antes de rei. Sem falar que antes do rei também está o presidente.
O Dicionário responde a todas as curiosidades, e tem caminhos para todas as filosofias. Vemos as famílias de palavras, longas, acomodadas na sua semelhança, — e de repente os vizinhos tão diversos! Nem sempre elegantes, nem sempre decentes, — mas obedecendo á lei das letras, cabalística como a dos números…” ( “O Livro da Solidão”- pensamento extraído do livro “Cecília Meireles – Obra em Prosa – Volume 1”, Editora Nova Fronteira – Rio de Janeiro, 1998, pág. 270.)

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Frases curtas sobre otimismo e amor:

“Aprendi com as Primaveras a me deixar cortar para poder voltar sempre inteira.”

“Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda.”

“Há pessoas que nos falam e nem as escutamos, há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam, mas há pessoas que simplesmente aparecem em nossas vidas e nos marcam para sempre.”

Retrato:

“Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
Em que espelho ficou perdida a minha face?”