Nascido no dia 13 de maio de 1859, dentro de um navio ancorado em águas maranhenses, Raimundo da Mota Azevedo Correia é um dos escritores mais renomados do Brasil e teve a grande honra de ser um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.
Nascido em uma família de classe alta, o pai de Raimundo, José Mota de Azevedo Correia, era desembargador e descendente dos duques de Caminha. Sua mãe se chamava Maria Clara Vieira da Silva, e seus avós paternos eram portugueses.
Estudou no Rio de Janeiro no Colégio Nacional – hoje Colégio Pedro II – e no ano de 1877 ele iniciou o curso de Direito na Faculdade do Largo de São Francisco em São Paulo, onde conheceu grandes nomes como Afonso Celso e Raul Pompéia. Após a conclusão do curso, ele exerceu a função de juiz no interior de Minas Gerais e do Rio de Janeiro.
Com o lançamento de seu livro em 1879, Primeiros Sonhos, Raimundo Correia estreou sua carreira como poeta, e seguia fortes influências de escritores românticos como Castro Alves, Fagundes Varela e Casimiro de Abreu.
Casou-se no ano de 1884 com Mariana Sodré, uma dama de classe e pertencente a uma família ilustre. Mais de 25 anos depois do casamento ele sofreu um sério problema de saúde e viajou para Paris para se tratar, onde morreu em setembro de 1911.
Raimundo Correia na Tríade Parnasiana
Em 1883 ele lançou seu segundo livro, Sinfonias – prefaciado por Machado de Assis. Assumiu por completo a estética parnasiana nestas poesias, e passou a integrar a “Tríade Parnasiana” ao lado de Olavo Bilac e Alberto de Oliveira. Trava-se de um grupo de referência com principais poetas parnasianos da época.
Como todos os outros parnasianos, sua poesia é focada na perfeição formal que os objetos têm. A exaltação de formas, contemplação da natureza e a métrica rígida também integram os poemas dele. A característica que o diferenciava dos demais parnasianos é o forte seu pessimismo, que certas vezes chega a ser até sombrio.
Obras de Raimundo Correia
- Primeiros Sonhos (1879)
- Sinfonias (1883)
- Versos e Versões (1887)
- Aleluias (1891)
- Poesias (1898)
Raimundo Correia na Academia Brasileira de Letras
No ano de 1897 ele tornou-se sócio fundador da Academia Brasileira de Letras. Nela, ocupou a cadeira 5, cujo patrono era Bernardo Guimarães, e seu sucessor na cadeira foi Osvaldo Cruz.
As Pombas
Este foi o principal poema de Raimundo Correia. Ele está no livro Sinfonias e por causa deste poema Raimundo ficou conhecido por todo o Brasil como “poeta das pombas”, apelido que ele odiava.
“Vai-se a primeira pomba despertada …
Vai-se outra mais … mais outra … enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada …
E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada…
Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem… Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais…”