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Biografia e fotos dos Mamonas Assassinas

Alegria é a palavra que talvez defina melhor esse grupo de rapazes que trouxe à música brasileira uma irreverência inovadora, uma energia fantástica para a época em que as coisas nesse meio andavam um tanto estagnadas!

O ano era 1995 e o sucesso do grupo formado por cinco rapazes foi considerado meteórico, já que alcançaram a incrível marca de mais de um milhão de cópias de cd em poucos meses. Um recorde!

Em nosso país, até então, nunca um grupo fez um sucesso tão instantâneo, alcançando faixas etárias tão variadas quanto classes sociais. Todos aumentavam o volume do rádio ao ouvir os primeiros acordes de “Pelados em Santos” ou “ Vira-vira”, as músicas responsáveis por tornar o grupo tão conhecido.

O início da festa…  Como iniciou os Mamonas Assassinas

Todos de origem humilde, moradores de Guarulhos-SP, todos os integrantes já se aventuravam pela música desde cedo, em festas comunitárias e apresentações informais, o velho e bom “som de garagem”, mas o grupo não contava com Dinho, o irrequieto e engraçado vocalista. Os irmãos Sérgio e Samuel Reoli, Bento Hinoto e Júlio Rasec, formavam uma banda chamada “Utopia”, que, a exemplo de centenas de bandas jovens, fazia covers de bandas brasileiras, como Legião Urbana e internacionais, como Rush, entre outras. Em 1989, numa apresentação em um ginásio da cidade de Guarulhos, a banda foi surpreendida por um pedido do público, que queria ouvir um dos hits internacionais da época, “Sweet Child o’Mine”, do grupo de rock Guns In Roses, como nenhum deles sabia a letra da música, pediram que algum candidato da plateia que soubesse fosse ao palco. Dinho foi esse voluntário, mas, ao invés de salvar o grupo fazendo o cover, ele, que não sabia a letra, fez um show à parte, mostrando toda sua irreverência e talento para o humor. Resultado: o público riu e se divertiu tanto que o moço passou a fazer parte da banda, para não sair mais.

A banda Utopia então, tinha um novo vocalista e passou a fazer apresentações na periferia de São Paulo, lançando um disco que não teve expressão nenhuma, vendendo menos de cem cópias. Isto porque, os meninos continuavam em seu mesmo estilo, cantando covers de outras bandas e deixando as brincadeiras apenas para os ensaios. Só que a veia humorística, especialmente de Dinho, acabou se salientando nas apresentações e aí o grupo percebeu que as paródias bem-humoradas e as piadas faziam o público se divertir e participar mais, então, começaram a fazer músicas em que o escracho era o principal ingrediente.

Com novo repertório em mãos, enviaram fitas demo a várias gravadoras, que não se interessaram pelo tipo de proposta inovadora, seus “palavrões” (naquela época ainda causavam estranheza a alguns, atualmente, com as “letras” dos funks, as músicas do grupo passaram a ser consideradas completamente inocentes!). Uma das fitas caiu nas mãos de Rafael Soares, filho adolescente do diretor artístico da EMI Odeon, João Augusto Soares, que assim passou a conhecer as músicas e resolveu investir na banda.

O nome foi modificado, já que o antigo seria muito sério para o conteúdo do repertório. Os rapazes sempre riam muito contando das opções de nomes anteriores, como “Os Cangaceiros de Teu Pai”, “Uma Rapa de Zé”, “Coraçõezinhos Apertados” ou “Tangas  Vermelhas”, mas contam que “Mamonas Assassinas do Espaço” foi o nome que mais os fez rir, então optaram por este. Depois, foi reduzido a Mamonas Assassinas e, se todos pensam na planta mamona quando ouvem o nome, saibam que a origem vem de peitos grandes mesmo! Como fizeram questão de salientar em pôsteres mais adiante.

Em abril de 1995, foi lançado o disco onde cada faixa era uma sessão de gargalhadas, com paródias de músicas e cantores conhecidos, como a que mais fez sucesso a princípio, “Vira-vira”, parodiando o cantor português Roberto Leal e o vira. As músicas tinham uma combinação inimaginável de gêneros musicais, como rock, sertanejo, forró, entre outros, e essa louca mistura funcionava!

O empresário do grupo, apelidado, entre eles, de “creuzebeck”, era também chamado de “o sexto mamona”, tão amigo dos rapazes era Rick Bonadio, atualmente bastante conhecido no meio musical. Através dele, o grupo se apresentou pela primeira vez ao país no programa “Jô Soares Onze e Meia” e, a partir dali, o sucesso chegou! O disco passou a vender sem parar e as aparições do grupo se tornaram obrigatórias em programas de tv e shows.

Sucessos que caíram no gosto de todos os públicos e continuam até hoje a cativar novos fãs!

O sucesso desse grupo é, até hoje, uma estupefação, uma surpresa para quem entende de música e uma nostalgia aos fãs. Naquela época, muitos críticos torciam o nariz às aparições constantes dos meninos engraçados, com roupas e acessórios muito divertidos nos programas de televisão. Achavam a música de mau-gosto, a aparência e os modos desagradáveis e apostavam que o sucesso seria passageiro. Mas o público, esse não dava ouvidos à crítica! Entre crianças e idosos, pobres ou ricos, cultos ou nem tanto, a maioria das pessoas se divertia ao ouvir aquelas letras que sugeriam sutilmente certa pornografia e situações do cotidiano sob a ótica do exagero e da comédia. Apesar do que pudesse parecer, as brincadeiras e trocadilhos das músicas nada tinham de ofensivos, eram como brincadeiras de crianças, troças que costumavam ser ditas em voz baixa para que os adultos não ouvissem. Só que esses “meninos grandes” libertaram as vozes e brincadeiras escondidas e todo mundo se viu criança novamente cantando “ sabão crá-crá”, por exemplo!

Para eles, tudo era brincadeira, o palco era como a sala de suas casas, os entrevistadores de televisão e repórteres quase sempre acabavam rindo quando os entrevistavam, já que respostas sérias eram muito improváveis para aqueles rapazes! Dinho, o vocalista de 24 anos, era o mais endiabrado deles, não deixava ninguém quieto por muito tempo, sempre “aprontando”, pregando peças e fazendo piadas com tudo.

Durante esses meses em que suas músicas tocaram à exaustão nas rádios do país inteiro e os Mamonas Assassinas apareciam na televisão constantemente, a agenda de shows também era lotada e os meninos viajam de norte a sul, fazendo cinco shows por semana, em média. Todos corriam para ver os Mamonas de perto e o grupo também corria para dar conta de tantas aparições! Na verdade, voavam!

Para conseguirem cumprir a agenda de shows que ia de um estado a outro em  pouco tempo, os rapazes passavam muito tempo em aviões. Como sempre, até a respeito disso e da possibilidade de o avião cair, faziam brincadeiras.

Infelizmente, chocando todos os fãs, no dia 02 de março de 1996, após um show em Brasília-DF, o jatinho Learjet em que voltavam para casa, em Guarulhos, tentou arremeter e colidiu  à Serra da Cantareira, onde morreram todos os ocupantes. A comoção foi total! Desde a perda do querido piloto Airton Senna não se via tanta tristeza no país (Veja fotos do acidente aqui).

Encerravam-se ali, as vidas dos cinco integrantes da banda que tantas alegrias trouxe ao país; encerravam ali, as alegrias de criança e o sonho de cinco rapazes simples e suas famílias!

O grupo planejava iniciar sua carreira internacional, em Portugal, com viagem marcada para o dia seguinte ao acidente, 03 de março. Não deu tempo para levar toda essa alegria a outros países!

O enterro foi acompanhado de perto por mais de 65 mil pessoas, que fizeram esforços para comparecerem e prestarem suas últimas homenagens; em algumas escolas, as aulas foram suspensas nesse dia por motivo de luto.

Após o choque e o período de luto em que ficaram os fãs, o disco do grupo, que ganhou o Disco de Diamante em 1995, alcançou as três milhões de cópias; milhares de recordações dos rapazes foram vendidas em todo o país. Um livro com a bigrafia dos meninos de Guarulhos foi lançado, coletânea de músicas inéditas também foram lançadas, sendo as versões ao vivo de algumas músicas as preciosidades que ficaram guardadas com muito carinho pelos fãs que não desejavam se despedir tão cedo! Houve alguns anúncios não-oficiais de que um filme, baseado no livro “Blá,blá,blá” – a Biografia Autorizada dos Mamonas Assassinas, de Eduardo Bueno, seria lançado, assim como um documentário a respeito da vida do grupo, mas ainda não existe confirmação desses dados. O certo é que seriam muito bem-vindos pelos fãs!

Atualmente, os Mamonas continuam cantando pelo país, através da lembrança de pais e fãs que “apresentam” a música e a história desses rapazes tão especiais às novas gerações, como quem conta sobre a vida de parentes queridos que já se foram. E, não raro, ouve-se pequenos grupos de crianças e adolescentes que não eram nascidas naquela época, cantando as músicas ou falando dos Mamonas como fãs! Comprovando-se que o que é bom, o que é de bem, permanece para sempre!

Quem eram os Mamonas Assassinas?

  • Alecsander Alves (Dinho) – nasceu na Bahia, em 05 de março de 1971.
  • Samuel Reis de Oliveira ( Samuel Reoli) – nasceu em 11 de março de 1973 em Guarulhos, São Paulo.
  • Alberto Hinoto (Bento Hinoto) – nasceu em 7 de agosto de 1970 em Itaquaquecetuba, São Paulo.
  • Sérgio Reis de Oliveira (Sérgio Reoli) – nasceu em 30 de setembro de 1969 em Guarulhos, São Paulo.
  • Júlio César Barbosa (Júlio Rasec) – nasceu em 4 de janeiro de 1968 em Guarulhos, São Paulo.

Nesse vídeo, o clipe da música “Pelados em Santos”, um dos grandes sucessos da banda

 

Fotos

Fotos dos Mamonas Assassinas

Alegria contagiante que deixou saudades!

 

Dinho com sua namorada

Dinho, com a namorada da época, Valéria Zoppello.

 

Grupo todo reunido - Mamonas Assassinas

Em qualquer ocasião, a graça estava presente!

 

Show dos Mamonas

As roupas das apresentações eram tão cômicas quanto as atitudes desses rapazes!

 

Dinho cantando durante show

Dinho, em sua última apresentação. Na noite do acidente, no show em Brasília.

 

Mamonas Assassinas vestidos de Chapolins

Sempre fantasiados e fazendo estripulias!

 

Mamonas Assassinas

Em ordem: Bento, Dinho, Samuel, Sérgio e Júlio.